22 de mar. de 2009

Eu sou Ronaldo

No livro o Poder do mito, o americano Joseph Campbell tenta explicar a importância dos ídolos na vida das pessoas. Segundo ele, a falta de mitos em uma sociedade pode ser preponderante até para o aumento da violência.

Dentre as coisas que o estudioso diz, chama a atenção para a teoria de que, para ser mito, a pessoa precisa estar muito próxima da humanidade, seja através de seu sofrimento, de suas imperfeições ou de seus erros. Isso faz com que as pessoas vejam nele um pouco delas, pensando na possibilidade de se tornar como o ídolo.

O futebol brasileiro é rico em histórias desse tipo, por isso tem tantos craques, cuja imagem é explorada exaustivamente pelos veículos de comunicação, o que contribui e muito para chegarem ao status de ídolo.

Mas quando escreveu essas teorias, Campbell provavelmente não conhecia Ronaldo Nazário de Lima. O Fenômeno se encaixa perfeitamente em todas elas.

É ídolo desde muito cedo, cativou pela história de sua simpatia e sua infância pobre, foi descoberto muito novo e correu o mundo jogando bola sem deixar de perder a humildade, sabendo muito bem o papel que realizava na sociedade.

Em algum momento desse caminho Ronaldo se perdeu, mas nunca deixou de ser ídolo, jogar futebol sempre foi a principal paixão do craque, que se envolveu em inúmeras confusões, casamentos conturbados, baladas em véspera de jogo até culminar no episódio dos travestis no Rio de Janeiro.

Graças a tudo isso Ronaldo é e sempre será um ídolo, uma espécie de Macunaíma encarnado, o heroi que erra (e como!), que tem todos os defeitos do mundo e mesmo assim é idolatrado. Um gol dele faz barulho até na Austrália.

Para se ter ideia do quanto Ronaldo é querido, basta dizer que outro grande ídolo dos brasileiros, Marcelo D2, fez uma música para ele, que leva o título que está lá em cima.

É isso, ele é Ronaldo, primeiro e único e agora de volta aos gramados, para alegria dos corintianos e de quem gosta de futebol.

Coluna publicada no Diário de Guarulhos de 22 de março de 2009

Um comentário:

Lesma de sofá disse...

Gostou do Campbell, né?? O cara era um gênio!
bjsbjsbjs